é o tal do ócio criativo, eu acho

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Notícias de Brasília

Dias desses, eu li um texto, salvo algum engano, do João Ubaldo Ribeiro, em que ele afirmava que os nossos congressistas eram alienígenas, coisa que se comprovaria, entre outras maneiras, pelos nomes esdrúxulos dos digníssimos membros do legislativo nacional. Pois bem, num rasgo patriótico fui conferir, por meio de uma rápida pesquisa no site da Câmara dos Deputados (vejam bem, não tô considerando senadores, ministros, ministros do STJ e afins), a coleção de graças da rapaziada do plano diretor.
Pra começar com o primeiro homem, temos o Adão; Adão Pretto, com dois “tês” mesmo, agricultor gaúcho, homem de presença. Até aê, beleza. Adão é um nome normal. Mas calma.
Passemos para o Aélton Freitas (eu disse Aélton), que ficou 16 anos do lado de lá do congresso, já foi 2 vezes senador, o cidadão aê.
Tem o cearense Arnon (não, não é Arno. Nem Arnold. Respeito, pô) Bezerra que sustenta nada mais nada menos que uma Medalha de Honra ao Mérito da Ordem do Barão do Rio Branco. Não é pra qualquer um ser agraciado por essa ordem honorífica nacional, amigos. Morram de inveja.
E o Arolde de Oliveira? O cara é economista, engenheiro, professor, oficial do Exército e especializado em telecomunicação, além de ser um dos fundadores do PFL e do DEM. Só que ele está afastado da Câmara para exercer o Cargo de Secretário Municipal de Transportes do Rio de Janeiro. Você, maldoso(a) que é, deve estar pensando: o que o sujeito entende de transportes? Cara, ele é especialista em telecomunicações; e quem manja disso, manja de transporte, não é?
Também tem Asdrúbal Mendes Bentes, paraense que não trouxe nenhum trombone e antes de ser do PMDB já foi deputado pelo ARENA e chegou a ser professor de latim, em Belém. Legal, né?!
Ainda na letra “a” surgem 2 Átilas, que não são paradigmas de crueldade e rapina como o xará huno: o Átila Lira, dono de um pomposo bigode, e o Átila Lins.
Os Átilas poderiam formar uma dupla sertaneja, mas tem mais deputados e duputadas que também poderiam fazer seus próprios showmícios, como por exemplo: Ilderlei & Ibsen ou Jusmari & Jutahy, que tal?
Na categoria “nomes dúbios” aparecem o Arecy de Paula e o Deley de Oliveira. Só pra esclarecer, os dois são homens, o primeiro é advogado e pecuarista de Araxá, que, pra quem não sabe, fica na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, e o segundo nasceu Wanderley Alves de Oliveira, mas por motivos meigos e cuticutes virou Deley.
Estrelando a categoria “nomes de famosos” temos o (não patriarca da independência) Bonifácio de Andrada e o (não poeta) Olavo Bilac.
Categoria “filho de peixe”: Ratinho Júnior, filho de Carlos Massa.
Categoria “filho de peixe que ficou na sombra da irmã”: Sarney Filho, que pro meu espanto não é do PMDB mas sim do PV maranhense.
Categoria “neto de peixe”: Brizola Neto que não nega a raça e é do PDT e que não se chama Leonel, mas Carlos. Vejam só, o coitado teve que trancar a faculdade de Direito no sexto período pra seguir a vida pública, isso sim é noção de servidor, isso sim é se doar pelo povo.
“Categoria mulher de peixe”: Elcione Barbalho.
Seguindo pelos “nomes que dão trocadilho” passaremos fatalmente por Gastão Vieira - quem o conhece jura que ele é mão fechada. Temos também o Gladson Viera que em seu curso na EF International School of English, em Londres, em 1997, ficou conhecido com “filho feliz” (hã, hã. Entendeu? Glad son. Infame, eu sei). Tem o Juvenil Ferreira Filho, que mesmo nascido em 1959, se sente todo garotão. E o Lobbe Neto, então? Dizem que depois do escândalo do lobista do caso Renan ele tá pianinho pianinho. O Inocêncio Gomes de Oliveira não precisa nem alegar inocência em qualquer caso. Mas o campeão mesmo é o Vital do Rego - graças a Deus ele não é Mortal do Rego, imagina só?!
E finalmente existem também os da categoria “por Deus, como o escrivão deixou isso?”, como Onyx Lorenzoni, o Urzeni da Rocha Freitas Filho (o pai dele não satisfeito em ter esse nome passa a pecha pro infeliz do filho. Triste, triste), o Mussa (vamos convir, é melhor que Musa) de Jesus Demes e o Liobaldo Vivas da Silva (conhecido singelamente por Léo Vivas). Mas 2 deputados são hors concours: Wandenkolk Pasteur Gonçalves e Wolney Queiroz - eu só me pergunto donde tiraram isso? Donde?
Ah, e tem a Manuela D´ávila, que não tem nome estranho, pelo contrário, tem um nome lindo, um sorriso lindo, um olhar lindo...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Niilismo miguxo - 2.0

What if God was one of us?

Porque hoje em dia não dá pra confiar nem em Deus nem na falta de Deus.

Video de Rômolo Eduardo D'hipólito - 3º colocado no Anima Mundi Festival 2007 - Categoria Melhor Animação Brasileira - Juri Popular. Mais sobre o cara - www.romolo.com.br

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Niilismo miguxo

Eu poderia dizer, para simplificar, que vivemos um tempo de saudades do que não se teve, de saudades do que não se viu e de saudades do que não se viveu. Mas isso seria (1) ignorar a complexidade do real e a clivagem digital de nossos dias - seja lá o que isso queira dizer - e (2) desconsiderar a máxima de que não houve tempo em que não se lamentasse o presente e não se glorificasse o passado. (Ah, a prolexia tautológica. Ah, a retórica pedante.) Explico-me, ou tento.
Então tá, ok. Vivemos num mundo louco em que reina a lógica do consumismo insano, do hedonismo oscarfreiriano, do solipsismo digital camuflado em orkuts, myspaces, second lifes e afins e também do tal do niilismo pós-moderno; e é aí que eu quero chegar, amigos: não existe o
niilismo. Nitxi de cu é rola.
Porque sempre haverá verdade moral, porque sempre haverá hierarquia de valores, porque nunca haverá descrença absoluta. Vejam bem, concordo que haja um discurso imediatista, que prega que tudo tem que ser agora, que tudo é em tempo real e digital, que tudo que é produzido já nasce obsoleto; enfim, concordo que tudo isso leva a um sentimento geral de fragmentação da realidade, da História e do indivíduo - algo como push the fuck button -, concordo que tudo isso faça com que a idéia de transcendência se esvaeça de certa forma, que a figura do mito perca sua força tradicional e que, de alguma maneira, vivamos a morte de Deus. Mas, cada época carrega em si sua própria consciência e não se pode conceber a idéia de humano sem a sua ligação com o sagrado, porque somos seres coletivos e de linguagem; e não existe nem coletivismo nem linguagem sem a idéia de um Terceiro Elemento Comum metafísico e aglutinador. Não existe coletividade sem senso comum, não existe senso comum sem verdade moral e sem hierarquia ética, não existe comunidade sem o desenho de bem e mal. O que eu quero dizer com tudo isso é que a relação entre sujeito e mito não se dá mais pela idéia de um Além, de um mundo inteligível, ou pela promessa de uma vida pós-morte; a sacralidade se mostra, na contemporaneidade, no agora e no já, na virtualidade e no fetichismo do consumo. O que vemos é uma troca no modo de relacionamento com o sagrado, apenas isso. Em outras palavras, super-homem é o caraleo.
Tá, tudo bem, eu acho que a consciência é retarda em relação aos acontecimentos, que a luz do tempo é que trará melhores respostas sobre esses dias, mas, cara, como faz tempo que eu tô querendo escrever algumas linhas sobre isso. Se você chegou até aqui, legal. Se você entendeu alguma coisa que eu quis dizer, porque eu sei que é difícil seguir a não linearidade de meus pensamentos, bacana. E só pra esclarecer, isso nunca pretendeu ser ou parecer um tratado sociológico, é só um postezinho de merda muito confuso e mal escrito, diga-se de passagem.