é o tal do ócio criativo, eu acho

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Passion: ?

Faltavam-lhe paixões, ele dizia. Embora pudesse enfileirar algumas coisas de que gostava muito:
Dias de Sol, mas daqueles que já amanhecem ensolarados e assim se mantêm até o fim, seguidos de noites quentes, cheias de vida nas ruas (o que se excluem, obviamente, os pernilongos que não são formas de vida, são diabinhos enviados à Terra pra uma pequena demonstração do que é o inferno). Sorvete de chocolate, acompanhado por algum outro de sabor aleatório apenas para compor o cenário gustativo. Churrasco com velhos amigos, ele adorava aquela coisa toda de carne, Sol, música, bebidas, as mesmas conversas, risadas, alegria e a sensação de proteção que tudo isso traz. Céu estrelado. A Lua, a Lua era foda. Discussões existênciais. Discussões filosóficas. Discussões políticas (não que ele realmente participasse desses colóquios, apenas gostava de ouvir-los). Baladas. Dançar. Cantar. Gritar (por que não gritar?). Barzinhos, pizzarias e botecos (o que de certa forma se encaixa na categoria churras). Loiras, morenas, negras, ruivas e orientais (embora as morenas fossem muito mais fodas). Bons filmes, que lhe ficassem na memória por dias a fio, martelando, martelando. Boa música, que o fizesse dançar, que lhe vibrasse a boca do estômago ou que o levasse a dizer: "bela construção poética". Boa leitura, que o fizesse pensar: "Caralho! Claro! Como eu sou burro!" (mas não que ele dispensasse cultura barata). Ele gostava muito de imaginar um time com Rona(aa)ldo, Cafú, Gamarra, Maldini e Roberto Carlos , Redondo, Rincón, Zidane e Alex, Ronaldinho e Ronaldo. Gostava de pessoas de forma geral. Tv. Massas. Arroz com feijão. Flores. Pores-de-Sol. E tirar meleca do nariz estava no topo das suas coisas preferidas depois de andar descalço.
Enfim, ele gostava de viver. A vida sempre lhe fora boa e por isso era feliz, bastante feliz. Pretendia chegar aos 100 anos, ele até pensava na festa do 1º centenário. E gostava da vida porque sabia que era composta por pequenas paixões, que numa somatória acumulavam tesão suficiente pra seguir vivendo, tranqüilamente, como sempre.
Mas às vezes sentia falta de algo que transbordasse, que trouxesse muitas gotas d'água, que fosse maior do que ele, que não coubesse nele. Queria agir sem pensar, porque não haveria no que pensar, simplesmente porque teria que ser daquele jeito.
Às vezes se cansava de ser sempre assim, medíocre. E quem não o é? Dá pra contar nos dedos (claro que isso é uma hipérbole) quem fugiu da mediocridade por uma vida toda. Porque pessoas geniais e com lâmpejos de gênio existem aos montes, mas isso não significa que elas deixarão ou deixaram seus nomes na História. O que eu quero dizer é que mesmo não sendo Alexandres ou Ches muita gente segue suas paixões. Ainda existem paixões a se seguir, ele dizia, só preciso de uma.
Ele não queria uma causa para morrer, só queria uma causa para viver mais intensamente. Pois é, sempre queremos mais.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Ready, Set, Go!

Tudo bem, resolvi escrever.
Talvez escrever faça-me bem. Talvez eu que sempre fui tão fechado, consiga achar alguma chave escondida entre letras perdidas nos, pra mim indecifráveis, códigos HTML no tal do espaço cibernético (nota dispensável: cibernético não é uma boa palavra, sei lá, a sonoridade é estranha, ela não flui, trava, saca? E também por isso não dá a dimensão do conceito que lhe é embutido, né não?).
Mas isso aqui não é um um espaço para eu falar de mim, pelo menos diretamente porque obviamente indiretamente sou também tudo o que sai de mim ou do meu teclado. Nem sei eu sobre o que escrever, inclusive não tenho a mais vaga idéia. Por isso não prometo ser assíduo, tão pouco escreverei tratados ou ensaios ou qualquer coisa digna de mais do que 4 segundos da mais superficial reflexão, não tenho capacidade pra isso. Até mesmo porque acho que ninguém vai ler essa porcariada toda. Não que eu espere que ninguém leia, na verdade até quero. Pra mim não faz muito sentido colocar uma coisa na internet pra que ninguém veja. Afinal os blogs foram criados (aqui vai a viagem) pra tentar reunir as pessoas, pra que elas se sentissem fazendo parte de algo maior, pertencendo a algo que faça algum sentido. É, eu sei que ficou vago mas isso é assunto pra um outro post (ah, o que me faz lembrar que devo avisa-los para também não esperar algo muito coeso ou com alguma linha lógica de raciocínio, e que se algum dia sair um texto assim certamente será por pura sorte) .
Enfim, não saiu nada de interessante, mas se você leu isso tente de novo outro dia, não desista de mim tão fácil.
Té.