é o tal do ócio criativo, eu acho

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Gritos ao pé do ouvido

Se não sobrasse nada pra dizer teria sido mais fácil. Mas sempre sobra. E como se não bastasse também sempre sobram os objetos, o cheiro, a música no rádio...
Ela sempre foi de falar o que viesse à cabeça, de falar muito sem pensar, e quem não pensa pra falar acaba não falando exatamente o que quer dizer. Ele é mais quieto, ouve mais do que fala, calcula cada palavra, constrói mentalmente cada figura de linguagem, mas quem pensa demais acaba perdendo o momento certo e fica sem dizer o que queria. E sempre sobra o que dizer e não é dito.
Ele escreveu e-mails, ela telefonou, ele compôs uma música no violão velho, ela se abriu pras amigas, mas sempre sobra alguma coisa.
Ontem eles se encontraram e aquela coisa que sobrava não fez falta. E eles não disseram nada, não precisava, um sabia exatamente o que outro não havia dito.

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