é o tal do ócio criativo, eu acho

quarta-feira, 1 de março de 2006

Quarta-feira de Cinzas

"Não me diga quem é você"; não importa, afinal é a festa da carne, é a luxúria saindo pelos poros todos, são nossos demônios internos se interagindo. É suor. É Eros. É Baco. Mas não é apenas isso.
O reinado de Momo é mais do que a putaria pura e simples por si só. É felicidade no ar te envolvendo como se nada mais existisse senão a vida pulsando em marchinhas, axés, techineiras, funks cariocas ou qualquer outro tipo de batida que excite nossos instintos. É o conatus no talo. É serotonina no sangue. Confetes e serpentinas. Colombinas. Pierrots. É Dionísio também. "Quanto riso, oh quanta alegria".
Mas a festa acabou, o barco já correu e o dia raiou e agora são apenas cinzas na testa e lembranças na mente.
Foi areia, muita areia, fina e branca em todas as partes, em todos os cantos, que deve ainda ficar grudada em mim por mais ou menos um mês. Sol, muito sol, quente e lindo de leste a oeste, que ficará grudado em mim por mais ou menos uma semana, ou até quando a melanina e o sabonete Dove Verão permitirem. Mar verde, salgado e sujeito a alterações de humor e que deve permanecer em mim até o fim da infecção no meu ouvido. Gente bonita. Meninas lindas de lindos corpos, rostos de princesas, lindos, flutuando em lindas sandálias sobre a arraia-miúda. A3´s. Calças caras, camisas caras, sapatos caros, bíquinis caros, relógios caros, baladas muito caras, cerveja e maconha barata. Serra verde como o mar. Síris brancos como nuvens. Pessoas vermelhas como camarão. E céu azul como o céu. Amigos. Gente interessante. Sorrisos encantadores. Risadas. Alto nível etílico - a cultura nórdica é foda, chegaram aqui e já executam seu antigo plano viking de dominação universal; acreditem amigos, estamos fudidos, nada mais pode ser feito. Todynho, que sempre será seu companheiro de aventuras. Barracas. Pernilongos. Noites quentes e joselitamente estreladas. As estrelas eram as únicas que sambavam ali, a noite inteira, soberanas. Elas escorregavam no breu como bailarinas. Eram como a menina mais bonita da sala que é deliberadamente indiferente aos nerds que a observam, só pra ficar claro o quanto ela é intocável a seres tão imperfeitos quanto eles. Mas um daqueles furinhos no céu piscou pra mim. Incrível.


Muito bom, muito bom mesmo.