é o tal do ócio criativo, eu acho

quinta-feira, 25 de março de 2010

Tamo junto, cumpadi

Jessyca, 19 anos, nascida e criada no calor desumano de Bangu, Rio de Janeiro. Corpo moreno-laje de menina carioca esperta trabalhado em bailes funk da Furacão e no samba de Padre Miguel. Ensino médio recém completo e uma esperança de quem sabe um dia cursar Educação Física na Estácio, a faculdade, não a escola de samba. Mas estudar não era lá uma grande prioridade pra menina, ela gostava mesmo é de se exibir. Jessyca parava o trânsito com seu shortinho jeans surrado, Jessyca causava tumulto quando entrava no ônibus exibindo sua barriguinha decorada com um piercing que brilhava entre os pelinhos descoloridos, Jessyca empinava ainda mais a bunda quando passava na frente do boteco do Carlinho só pra ouvir os elogios da moçada. Enfim, a moça sabia que era gostosa e usava muito bem isso.

***
Harald, 26 anos, nascido no frio polar de Bodo, na Noruega, e radicado desde época de faculdade em Oslo. Desenvolvedor de softwares, o rapaz gostava de jogar futebol durante o verão, gostava de fotografar os fiordes, gostava de jogar pôquer na internet, gostava de desenvolver novos molhos para massa e gostava muito de brasileiras. Desde que viu, na adolescência, A Dama da Lotação, Sônia Braga, e consequentemente a mulher tupiniquim, virou o ideal de espécime feminino para o jovem escandinavo.


***
Num belo dia, com o dinheiro que ganhou do cunhado no pôquer, Harald veio para o Brasil atrás daquilo que todo bom gringo vem procurar: samba, mulher, caipirinha, droga barata, sexo barato, praia e sol. Com cinco dias de Rio de Janeiro, o pequeno viking já tinha subido o morro, cheirado quilos de farinha, conseguido uma bela insolação, teve a máquina fotográfica roubada, encheu a cara de caipirinha na Lapa, beijou um traveco e teve a carteira limpa por uma puta; enfim, um turista típico.
Já no último dia de Brasil, o norueguês foi levado por um amigo que fez em Curicica pro samba na quadra de Padre Miguel. Ao chegar lá, camarão europeu nem percebeu o calor equatorial da quadra, o cheiro de suor e o barulho ensurdecedor. Ele queria é ver as mulatas rebolando. Harold não continha a alegria, dançava com todo mundo, gargalhava, mexia as pernas tentando sambar, sem se importar com o ridículo que todo gringo passa fazendo isso.
E pra felicidade do rapagão, mulherada é o que não faltava na festa. Lá, de todas as beldades cariocas que se esbaldavam ao som da bateria, quem mais chamava a atenção era Jessyca. Quando viu aquele corpo suado rebolando no meio da roda, Harald surtou, Era a sua própria Sônia Braga quem estava ali na sua frente. A moça dançada e olhava pra todos os homens que formavam uma rodinha ao redor dela e babavam por ela e por suas amigas.
Até que o olhar de Jessyca cruzou o olhar com Harald. Naquele rápido instante, o rapaz pensou na vida que levaria com ela na Europa, nas noites de sexo que teriam na Toscana ou em Mykonos, nas crianças que eles fariam, na inveja que despertaria nos amigos, imaginou como seria linda aquela mulher acordando. Jessyca sorriu e desviou o olhar.

Harald respirou fundo, tomou coragem e quando foi falar com ela, uma garrafa ainda cheia de cerveja voou do meio da quadra e acertou bem na testa do branquelo. Tinha começado uma briga ali do lado e ele nem percebera. Ele desmaiou e foi retirado rapidamente dali, afinal não é bom ter um gringo desacordado e com a cara sangrando no meio da quadra da escola.
Bem, depois de uma noite largado no corredor de um hospital público da região, Harald acabou sendo infectado por uma bactéria tropical raríssima que o matou de disenteria aguda em 6 horas.


***
É, mané, não é porque a mulher da sua vida tá ali rebolando pra ti, que você deve se distrair, ainda mais na quadra de Padre Miguel.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Fica a dica


























Do
blog.h34



terça-feira, 9 de junho de 2009

A danada da musa

Eu queria ter uma prosa limpa, sem linhas cifradas. Afinal, de rebuscado basta a vida. Mas a danada da musa só faz meu texto sair assim, soluçando.
Linhas vigorosas é o que eu peço, não assim como sempre são, cheias de fleuma. Contemplativas, ficam lá, plácidas, só observando, nunca se propõem a mudar a realidade, só a relatam e analisam e reiteram e pressupõem e projetam. Assim é fácil, né?
Um texto tuberculoso, tossindo sangue como os românticos, tem como? Rá! Até parece que ele, o texto, vai se sujar com palavras cheias de fluidos só pra agradar a mim, só pra me deixar dizer que fui visceral. Ele nunca me daria esse gostinho.
Uma só vez, uminha só, eu gostaria de poder vomitar tudo, ao invés de ficar encaixando cada palavra no seu lugar, feito quebra-cabeça. Mas por mais que eu tente provocar ânsia espancando minhas amídalas pra ver se meu estômago coloca esse monte de letrinhas pra fora, meus dedos são lentos por demais pra dar conta de tanta informação, eles se perdem no teclado, se perdem na folha em branco, se perdem, se perdem. Meus dedos definitivamente não foram de um datilógrafo ou taquígrafo em nenhuma outra encarnação. Talvez eu tenha tido sérios problemas motoros em todas as outras encarnações. Tipo um carma que eu tenho que carregar, vai saber.
Mas um dia eu hei de chegar lá, e nesse dia, bem, nesse dia, eu vou escrever um calhamaço tão grande de coisas, serão horas e mais horas, dias e mais dias, sem dormir, sem comer, suando como um maratonista, até que eu seja tomado por uma lesão enorme na mão e eu nunca mais escreva nada. A não ser, claro, que eu começe desde já a treinar meu pé esquerdo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Nos tempos idos

Ao se romper o primeiro 1/4 de século, um homem passa a se preocupar mais com sua relação com o tempo. A gente tenta lutar contra o anacronismo que nos acomete com o avançar da idade da pessoa.
Para me situar na História, fui rever o que acontecia no mundo 26 anos atrás, no longínquo ano de 1983.
Eram os anos 80, ou seja, new wave, muita cor, calça semi beg, polainas, cabelos de poodle e mullets; em suma, a exaltação do mal gosto. Naquele ano do porco, o uso do celular ainda estava começando a ser liberado em algumas partes do mundo civilizado, a internet ainda era uma experiência no meio militar e acadêmico. Câmera digital já existia desde de 77, mas ninguém sabia pra o que era e pra que servia. Em março do grande ano de 83, a IBM lançou o primeiro PC XT e Steve Jobs e Bill Gates eram dois nerds pobres que não comiam ninguém.
Por falar em nerds, em 83 foi lançado o Retorno de Jedi e ET de Spielberg ainda era sucesso nos cinemas brasucas. Naquele ano, quem levou o Oscar de melhor filme e mais cinco estatuetas foi Gandhi, de Richard Attenborough.
Na TV brasileira, Chaves já bombava, Xuxa estreava na Manchete depois de fazer um filme erótico e Sol de Verão era a novela das oito. He-Man, Caverna dos Dragões e G.I. Joe eram lançados nos Esteites.
Nas paradas musicais, Every Breath You Take e Billie Jean tocavam sem parar. Titãs, Red Hot Chili Peppers e Metallica surgiam e Kelly Key e Amy Winehouse nasciam.
No esporte, Piquet levaria sua Brabham-BMW para o título e Borg ganhava tudo com a raquete na mão. O Mengo levantaria o caneco do campeonato brasileiro pela segunda vez seguida , Grêmio seria campeão mundial e o Timão, no auge da democracia corintiana, ganharia o bicampeononato paulista.
A agitação política dentro do Corinthians refletia e ecoava os anseios da sociedade. O Brasil vivia a reabertura política lentaseguraegradual supervisionada pelo governo Figueiredo. Em São Paulo, Franco Montoro assumiu o governo do estado e o movimento das Diretas Já começava a ganhar corpo. Por sua vez, Lula era apenas um líder sindical famoso e político de pouca representatividade.
No mundo, mesmo com a decadência da URSS, a Guerra Fria e a corrida armamentista ainda eram uma realidade. O bozo do Ronald Reagan governava os EUA e a Margareth Dama de Ferro Thatcher não largava o osso na Inglaterra. Obama dava uns tapa na Universidade Columbia.
Nesse contexto todo, nasceu uma coisinha fofa e cute-cute, no caso, eu. Rever tudo isso não me ajudou muito a entender quem eu sou hoje, mas deu pra perceber que as coisas no fundo não mudam muito, a gente que teimar em achar que nada existiu antes de nós e que nada vai existir depois. Né não?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Quarta-feira de cinzas II

No fundo ele queria ter ido pra longe. É, mas não deu, simplesmente não deu. Fazer o quê? Acabou não morrendo pela boca, nem morrer ele morreu. Hic sanitas!
E sobraram só os confetes, serpentinas e máscaras do último carnaval. As mesmas fantasias, as mesmas marchinhas e a mesmissíma alegoria - Alalaô ô ô ô ô ô ô! Já lança-perfume não teve, evaporou volátil que é. O calor de fevereiro não perdoa, tudo acaba ficando meio etéreo. De concreto mesmo só a boa e velha breja. E foi muita breja, hectolitros de cevada fermentada goela a baixo.
É engraçado como não existem mais Pierrots e Colombinas. Talvez uma ou outra, é verdade. Mas ficou tudo meio chato por essas bandas nessa época do ano. Talvez seja muito do mesmo. Talvez seja birra. Talvez seja a idade. Mas não tem mais tripa de mico, nem bixigas, nem baldes de água, nem spray, nem saveiropiscinas, nem gente pra cima e pra baixo a noite toda. São outros carnavais diria alguém, mais organizado diria outro. Só que saudosismo não cabe aqui e o jeito é viver com o que se tem e não reclamar. Join it, ele disse.
E assim passou a folia e a ressasca veio. Ressaca, quem diria.
É, carnaval vem, carnaval vai e ele continua igual.

Há 3 anos foi assim.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Cada um faz o seu

Saca aquela parada do Marcão Aurélio que já dizia que não houve época em que não se lamentasse o presente e não se exaltasse o passado? Não? Deixa pra lá. Qualquer dia eu escrevo sobre isso.
De qualquer forma esse vídeo da Pepsi serve como uma introdução ao que, um dia, quem sabe, pode ser, eu possa escrever sobre o tema.

Essa é campanha refresh everything da Pepsi.
ps1.: eu gostei do novo logo.
ps2.: isso não é um plublieditorial, até mesmo porque ninguém anda por essas bandas.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mensagens cruzadas

Manhã do primeiro dia do ano, uma ressaca monstro, de repente: dindón.
Mensagem no celular:

Tia vc eh muito importante pra mim feliz 2009. o otavio tá melhor jah.
beijo te amo.

Que tia? Otávio? Que número é esse, carai?
Vixi, aviso que mandaram pro número errado?
É uma mensagem bonita, né, afinal a tia deve ser muito importante pra ela ou ele, geralmente as pessoas não ligam muito pras tias, a não ser que seja uma tia rica e você seja sobrinho único. 2009 promete não ser um ano lá muito fácil pra maioria das pessoas e desejos de um bom ano não devem ser desperdiçados assim. E o pobre do Otávio que devia estar em um estado no mínimo preocupante agora já tá melhor; a tia vai ficar feliz com essa boa nova, ela certamente tava muito cuidadosa com o Tavinho, se pá fez até uma novena pra ele.
Bele, é uma causa nobre, depois eu respondo pro remetente e digo que a tia não recebeu a mensagem, prometo.

Mas a gente nunca cumpre as promessas de ano novo, né?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Tem algum palhaço aqui!?

E o palhaço o que é?


Payasos - Buenos Aires Independent Film Festival

Em toda canção
O palhaço é um charlatão
Esparrama tanta gargalhada
Da boca para fora
Dizem que seu coração pintado
Toda tarde de domingo chora
(...)

Valsa dos Clowns - Chico Buarque e Edu Lobo - O Grande Circo Místico




Cordel do Fogo Encantado - Palhaço do Circo sem Futuro

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Gritos ao pé do ouvido

Se não sobrasse nada pra dizer teria sido mais fácil. Mas sempre sobra. E como se não bastasse também sempre sobram os objetos, o cheiro, a música no rádio...
Ela sempre foi de falar o que viesse à cabeça, de falar muito sem pensar, e quem não pensa pra falar acaba não falando exatamente o que quer dizer. Ele é mais quieto, ouve mais do que fala, calcula cada palavra, constrói mentalmente cada figura de linguagem, mas quem pensa demais acaba perdendo o momento certo e fica sem dizer o que queria. E sempre sobra o que dizer e não é dito.
Ele escreveu e-mails, ela telefonou, ele compôs uma música no violão velho, ela se abriu pras amigas, mas sempre sobra alguma coisa.
Ontem eles se encontraram e aquela coisa que sobrava não fez falta. E eles não disseram nada, não precisava, um sabia exatamente o que outro não havia dito.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Ligação cruzada

Muuuito bom dia, você está como sempre ligadinho aqui na 1083AM, a rádio que toca o coração do Brasiiil! São 11 horas da manhã e está começando mais um João Carlos Show, seu programa de música, notícias, bate-papo e muita diversão. E chega de conversa, vamo direto para a primeira música: Princesa do Rodeio, Carlos Pires & Seixinhas. Sobe o som, Marcinho!

(Esguelam-se os dois rapazes)

Estamos de volta, vocês ouviram o novo sucesso de Carlos Pires & Seixinhas aqui na 1083AM (sobe a vinheta do programa). Esse som foi um oferecimento de Forró do Buiu, onde toda sexta você pode curtir a Noite do Cajuzinho; batida de caju por 50 centavos a noite toda e mulher entra de graça até as 11 horas. E semana que vem tem Mulher Melancia agitando a noite do Forró do Buiu, essa não dá pra perder! Um grande abraço pro Renatinho e pro Buiu que sempre deram uma força pra gente aqui.
Bom, vamô direto agora pra nossa primeira ligação:

- Alô, quem fala?
- schiiitufffffschiiiiiiiiiiiitsuuuu
- Alô, quem fala?
- schiiitufffffschiiiiiiiiiiiituffffschiiiii
- Estamos com um probleminha, vamos pra próxima lig...
- Me leva a mala amanhã então.
- Alô?
- Alô. Maciel?
- Não. Você está no João Carlos Show. Com quem eu falo?
- Alo? Quê?
- Alô, amigo, você tá me ouvindo?
- Alô? Que que tá pegando? Deu treta aê, Maciel? Então não fala nada, só ouve.
- Huuum.
- Seguinte, fechei com o filhodohomi. Tá tudo certo lá, mas vocês têm que agilizar a parada aê, véi. Manda a mala naquele esqueminha lá. Quarto 709. Mas tem que colocar na mão de uma mina firmeza, senão fode. Não vai dá mancada, pelamordedeus!
- Hum.
- Fica esperto que tem neguinho de olho. Tão desconfiando lá já. Avisa pros caras ficar na miúda. O rapaizinho do Ronald acha que o telefone dele tá grampeado. Falou pra ficá esperto.
- Sei... tufffffschiiiiiiiiiiii
- Mas não vai dá mancada! Tenho que pegar essa grana amanhã, senão fode a parada, véi! [tufffffschiiiiiiiiiiii] Desarma tudo o negócio, tem muita gente nisso, se você der mancada, vai foder todo mundo. Se eu não passar o dinheiro pro Buiu pagar o João Car...
- CAIU A LIGAÇÃO! Vamô de música, Marcinho?! Sobe o som!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Quinta-feira

Era quinta-feira, quinzeprassete da noite. Tava um calor abafado desde de manhã, tinha feito uma tarde saariana, daquelas que dói pra respirar. E o pior de tudo é que Carol tinha ido pra uma reunião na putaqueopariu e tinha passado a tarde toda dentro de dois taxis sem ar-condicionado, se tivesse no escritório pelo menos teria o umidificador do estagiário com renite ligado no talo.
O dia de Carol, tinha começado cedo. Na verdade, tinha começado na segunda, os dias naquela semana só se separavam por 2 ou 3 horas de sono. Milhões de pepinos no trampo, carro no conserto, clientes filhosdaputa, chefe sacana, pós, doença da mãe, briga com a amiga com quem dividia o apê, enfim, não estava sendo uma boa semana.
No caminho de volta pra casa, os barzinhos estavam todos lotados, todo mundo queria tomar um chopinho honesto e justo pra refrescar a idéia e a vida. Um pessoal até tinham ligado pra ela, iam num novo boteco na Augusta, mas aquela noite seria a pra ler uns textos da pós e depois cair na cama com seu ursinho e os 18 travesseiros de estimação.
Carol, subiu no busão, desceu do busão, passou no mercado, comprou alguma coisa pra comer, chegou no apê, tomou banho, pôs o pijama, jantou, pegou os livros e começou a ler. Tudo no automático. Talvez o homem da vida dela tenha passado por ela, talvez ela tenha tropeçado numa mala de dinheiro, talvez tenha ouvido uma boa história, talvez qualquer coisa, ela nunca saberia.
Obviamente, a moçoila não conseguia se concentrar nas letrinhas do texto. "Esses caras inventam um nome diferente pra mesma coisa, escrevem meia dúzia de bobagens e enchem o cu de dinheiro", escreveu no rodapé de uma página. Tava cansada do texto, tava cansada daqueles últimos dias, tava cansada de ouvir Nelson Rubens, mas sua amiga insistia em ver tv num volume de asilo.
Ela resolver levantar e tomar uma água e niquiqui e ela passou por sua bolsa que tava no chão ao lado da cama, reparou uma coisa estranha. Aquela bolsa tinha um compartimentozinho externo aberto e bem ali tinha um papel dobrado, e ela não tinha colocado papel nenhum ali. Curiosa, Carol pegou o dito papel e abriu. Era um poeminha:

Mas que coisa esquisita
triste assim
uma moça tão bonita.


Quando ela ler isso,
não vou ver,
mas ganharei um sorriso.

Alguém, provavelmente no busão, o tinha escrito e colocado na bolsa dela e ela não tinha menor idéia de quem poderia ter sido e nem nunca saberia, ela virou musa pra alguém que por algum motivo não se conteve e teve que escrever dois versinhos bobos, mas que foram pra mais ninguém, só pra ela.
Naquela noite, Carol dormiu com seu ursinho, seus travesseiros, com o bilhetinho e com um sorriso no rosto.


ps.: Conto inspirado em um dois posts de dois blogs que li dia desses. Um deles é o Dougando e outro é o Loucuras da Mente.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Icógnita

Complicado.
Porra! Como era mesmo Báskara?

...

Como se isso coubesse numa parábola.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

No ar antes de mergulhar

Parafraseando Caetano; a vida nada mais é do que o ato da gente ficar no ar antes de mergulhar. (Trampolim - Maria Bethânia. Drama: Anjo Exterminado, 1972)

Este é Balance (1989), dos irmãos gêmeos alemães Wolfgang e Christoph Lauenstein, Oscar de melhor Curta de Animação.

Só pra constar, aquela 62ª edição do Academy Annual Award foi a noite de Daniel Day Lewis com Meu Pé Esquerdo, Oliver Stone com Nascido em 4 de Julho e Conduzindo Miss Daisy de Bruce Beresford.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé

Não, não estava lendo o Pequeno Príncipe. Já passei da idade e do peso pra ser miss. Na verdade nunca li o livro. Mas tava pensando nessa coisa de que eu me torno eternamente responsável pelo que (e por quem) cativo e percebi que talvez não esteja sendo lá muito responsável. Sei que sou uma pessoa agradável, que cativo muita gente, que sou um rapaz boa praça enfim, mas não me envolvo com as pessoas, eu bloqueio num determinado momento, não vou além.
Várias explicações pra isso me vêm á cabeça, desde teorias sociais pós-modernas até questôes de esotéricas, mas aquela que mais martela aqui na caixola desenrola-se do Poema em Linha Reta do Fenando PessoabarraÁlvaro de Campos. Mas explicações não cabem aqui, xá pra lá.
O fato é o seguinte, se você caro leitor(a) (eu sempre quis escrever caro leitor(a) em algum texto) tenha sido cativado(a) por mim em algum momento da vida, saiba que, embora eu não tenha sido tão presente, não tenha ligado, mandado scrap, eu gosto de você. Foi mal, desculpa. Vou tentar melhorar, prometo. Não desista de mim, não.
Agora, se você caiu de gaiato nesse blog, why can't we be friends? Eu sou um cara legal. Verdade.
De qualquer forma, beijo, me liga!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Jogging, pratique

Num salto ela corria pela rua.
Livre de carros e de gentes e de angústias.
Alegria.
Gritava e corria. Corria e sorria. Sorria e chorava.
Uma lágrima só. Gelada do vento.
Um sorriso apenas, mas cheio de dentes.
Ladeira abaixo. Rápido, muito rápido.
O cachorro não entendeu. Latia.
A Dona que subia devagar não entendeu.
Nem ela entendia.
Só queria correr. Correr e gritar.
Deixar a gravidade agir.
Descer o mais rápido possível.
Explodir.
E explodiu.
BOOM!
O motorista não viu.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Caricaturas

Por falar em Padre Vieira:



Batistão é um puta caricaturista. Confira.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Soneto da mediocridade

É assustador ver como o ócio pode produzir coisas nada criativas. E quando eu digo nada eu quero dizer nada mesmo.

Não precisava ser Camões
Muito menos ser Bocage.
De Viera lera os sermões.
Mas escrevia só bobagens.

Punha-se poeta, escritor.
Romancista bem pesado
Ou o mais leve trovador.
Pelas letras dedicado.

Decidiu-se, então, um dia:
- Um soneto escreverei!
Imaginou que fácil seria.

Eis que essa coisa surgiu.
Por Deus, como dava medo!
E, assim, o poeta sumiu.



Camões deve estar a menear três vezes a cabeça descontente.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Sobre a mediocridade


Tira extraída do Depósito do Calvin.

E tudo parece igual. E todos parecem falar sempre as mesmas coisas, como se não percebessem o quão idiota são as coisas que seguem a dizer. Não há luz, parece um longo, longo, dia nublado na cabeça de todo mundo. E tudo se repete sempre.
Tudo é formatado bonitinho. As pessoas na balada, com roupas iguais, tatuagens iguais, dançando do mesmo jeito e segurando o mesmo copo de uísque com energético - e essa fórmula se aplica a qualquer tipo de balada, não importa o gênero. As pessoas no emprego, com roupas iguais, celulares iguais, sorrisos frouxos iguais, planos de carreira iguais. Tudo igual.
Tudo é médio, tudo é meio morno. E isso tá ficando chato.
Tá tudo muito doce? Falta amargo? Sei lá. Pode ser.

sábado, 20 de outubro de 2007

Morenisse

Ela era linda. Sabe aquela morenisse que deixa o cidadão louco? Aquela morenisse jambo naturalmente da cor do pecado? Pois é, ela tinha essa morenisse. E o sorriso, então? Encantador, encantador. E o que fazer diante daquelas pintinhas que ela tinha no rosto? Mas duas coisas o deixavam sem rumo: (1) as covinhas na bochecha - e como ele adorava covinhas, na bochecha, no queixo ou aquelas duplas estrategicamente localizadas na lombar - e (2) o olhar.
O olhar daquela moça merecia um capítulo a parte. Ele tinha maldade; vejam bem, maldade no olhar toda mulher tem, ou deveria ter, mas ela era uma capituniana. E mulheres desse tipo o deixavam sem saber o que fazer, como deixam qualquer homem que não seja oblíquo e dissimulado. Era a brejeirice do olhar dela que o enfeitiçava, que o deixava sem palavras, e quando vinham, eram cuspidas sem que ele tivesse qualquer controle sobre elas. Enfim, aqueles olhinhos castanhos o faziam se portar como o idiota master ever.
Pois bem, o tempo passou e nada daqueles olhinhos castanhos nos olhos dele. A não ser em sonhos, e como costuma sonhar acordado, ele vire e mexe se via frente a frente com eles.
E não é que um dia, tchã! Ele a encontrou. Mas alguma coisa tinha mudado. Os olhos dela continuavam lá, iguaizinhos - sob um par de sobrancelhas arqueadas que os deixavam ainda mais lindos e faceiros; era foda mesmo, acreditem - só que não era mais a mesma coisa. Ele estava do lado dela e aquela vontade insana de agarrá-la e beijá-la não era mais igual à antes. Embora ele ainda pudesse ficar horas observando aquele sorriso, embora ele ainda se sentisse perdido diante da imensidão daquele olhar, tsc, tsc, não mais sentia as pernas tremerem, ele podia até dominá-las, olhem só. Definitivamente alguma coisa tinha se esvaído.
Ele formulou algumas teorias sobre isso, nada muito sólido. Uma se relacionava ao quadril dela, uma era sobre a competição com outros caras e outra era sobre a ressaca com que ele acordara naquele dia. Mas nenhuma explicava muita coisa.
Ele se perguntou por uns dias por que a vida era assim, por que o feitiço tinha acabado. Como pode aquele olhar não mais ter efeito sobre sua pobre alma? - ele pensava. Até que dia desses, ele sonhou com a voz dela, e ela tinha uma voz que também merecia um capítulo à parte. É, não dá pra fugir de uma morenisse jambo dessas.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Notícias de Brasília

Dias desses, eu li um texto, salvo algum engano, do João Ubaldo Ribeiro, em que ele afirmava que os nossos congressistas eram alienígenas, coisa que se comprovaria, entre outras maneiras, pelos nomes esdrúxulos dos digníssimos membros do legislativo nacional. Pois bem, num rasgo patriótico fui conferir, por meio de uma rápida pesquisa no site da Câmara dos Deputados (vejam bem, não tô considerando senadores, ministros, ministros do STJ e afins), a coleção de graças da rapaziada do plano diretor.
Pra começar com o primeiro homem, temos o Adão; Adão Pretto, com dois “tês” mesmo, agricultor gaúcho, homem de presença. Até aê, beleza. Adão é um nome normal. Mas calma.
Passemos para o Aélton Freitas (eu disse Aélton), que ficou 16 anos do lado de lá do congresso, já foi 2 vezes senador, o cidadão aê.
Tem o cearense Arnon (não, não é Arno. Nem Arnold. Respeito, pô) Bezerra que sustenta nada mais nada menos que uma Medalha de Honra ao Mérito da Ordem do Barão do Rio Branco. Não é pra qualquer um ser agraciado por essa ordem honorífica nacional, amigos. Morram de inveja.
E o Arolde de Oliveira? O cara é economista, engenheiro, professor, oficial do Exército e especializado em telecomunicação, além de ser um dos fundadores do PFL e do DEM. Só que ele está afastado da Câmara para exercer o Cargo de Secretário Municipal de Transportes do Rio de Janeiro. Você, maldoso(a) que é, deve estar pensando: o que o sujeito entende de transportes? Cara, ele é especialista em telecomunicações; e quem manja disso, manja de transporte, não é?
Também tem Asdrúbal Mendes Bentes, paraense que não trouxe nenhum trombone e antes de ser do PMDB já foi deputado pelo ARENA e chegou a ser professor de latim, em Belém. Legal, né?!
Ainda na letra “a” surgem 2 Átilas, que não são paradigmas de crueldade e rapina como o xará huno: o Átila Lira, dono de um pomposo bigode, e o Átila Lins.
Os Átilas poderiam formar uma dupla sertaneja, mas tem mais deputados e duputadas que também poderiam fazer seus próprios showmícios, como por exemplo: Ilderlei & Ibsen ou Jusmari & Jutahy, que tal?
Na categoria “nomes dúbios” aparecem o Arecy de Paula e o Deley de Oliveira. Só pra esclarecer, os dois são homens, o primeiro é advogado e pecuarista de Araxá, que, pra quem não sabe, fica na mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, e o segundo nasceu Wanderley Alves de Oliveira, mas por motivos meigos e cuticutes virou Deley.
Estrelando a categoria “nomes de famosos” temos o (não patriarca da independência) Bonifácio de Andrada e o (não poeta) Olavo Bilac.
Categoria “filho de peixe”: Ratinho Júnior, filho de Carlos Massa.
Categoria “filho de peixe que ficou na sombra da irmã”: Sarney Filho, que pro meu espanto não é do PMDB mas sim do PV maranhense.
Categoria “neto de peixe”: Brizola Neto que não nega a raça e é do PDT e que não se chama Leonel, mas Carlos. Vejam só, o coitado teve que trancar a faculdade de Direito no sexto período pra seguir a vida pública, isso sim é noção de servidor, isso sim é se doar pelo povo.
“Categoria mulher de peixe”: Elcione Barbalho.
Seguindo pelos “nomes que dão trocadilho” passaremos fatalmente por Gastão Vieira - quem o conhece jura que ele é mão fechada. Temos também o Gladson Viera que em seu curso na EF International School of English, em Londres, em 1997, ficou conhecido com “filho feliz” (hã, hã. Entendeu? Glad son. Infame, eu sei). Tem o Juvenil Ferreira Filho, que mesmo nascido em 1959, se sente todo garotão. E o Lobbe Neto, então? Dizem que depois do escândalo do lobista do caso Renan ele tá pianinho pianinho. O Inocêncio Gomes de Oliveira não precisa nem alegar inocência em qualquer caso. Mas o campeão mesmo é o Vital do Rego - graças a Deus ele não é Mortal do Rego, imagina só?!
E finalmente existem também os da categoria “por Deus, como o escrivão deixou isso?”, como Onyx Lorenzoni, o Urzeni da Rocha Freitas Filho (o pai dele não satisfeito em ter esse nome passa a pecha pro infeliz do filho. Triste, triste), o Mussa (vamos convir, é melhor que Musa) de Jesus Demes e o Liobaldo Vivas da Silva (conhecido singelamente por Léo Vivas). Mas 2 deputados são hors concours: Wandenkolk Pasteur Gonçalves e Wolney Queiroz - eu só me pergunto donde tiraram isso? Donde?
Ah, e tem a Manuela D´ávila, que não tem nome estranho, pelo contrário, tem um nome lindo, um sorriso lindo, um olhar lindo...